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PERNAMBUCO

"Ele chamou uma amiga para sair e ela me mostrou", diz mãe de mulher morta, durante julgamento de PM

Júri popular acontece no Fórum de Paulista

Durante o julgamento do capitão da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) Dário Angelo Lucas da Silva, de 51 anos, na manhã desta quinta-feira (12), no Fórum de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, a mãe da empresária Yana Moura, esposa morta por ele, em janeiro de 2013, fez revelações surpreendentes.

Segundo Rozeane Moura, ouvida como testemunha, Dário era uma pessoa muito temida em Ouricuri, Sertão de Pernambuco, por ser líder de um grupo de extermínio. Eles viveram juntos por quatro anos. Nos dois primeiros, tudo ocorria bem, mas nos últimos, os familiares começaram a descobrir casos de traição por parte de Dário.

“Até os dois primeiros anos, era tudo normal. Depois, ele começou a trair ela. Em Ouricuri, ele teve dois casos. Dário mandava recados para as minhas amigas e elas me mostravam”, revelou ela.

 

Junto à filha, Rozeane contou ainda que em um dos episódios, uma amiga dela mostrou, de fato, uma mensagem com o convite do réu. A mulher chegou a ser agredida na frente de Yana.

“Ele mandou um recado para uma amiga minha e ela me mostrou. Ele a chamou para sair. Eu falei para Yana. Minha amiga disse para ele ‘negue, que eu tenho a prova’. Ele deu um tapa nela que ela caiu, na minha frente e da minha filha”, detalhou, emocionada.

“Ele destruiu a minha vida, a nossa família. Eu tinha um irmão que meu pai adotou e ele tinha muita ligação com Yana. Depois que minha filha morreu, ele [Dário] ligava para ele ameaçando. Ele teve depressão, bipolaridade e morreu”, complementou ela.

Dinâmica do júri
O julgamento é presidido pelo juiz de direito Thiago Fernandes Cintra. O Ministério Público é representado pelos promotores de justiça Liana Menezes Santos e Ademilton das Virgens Carvalho Leitão. Dário está sendo julgado por homicídio qualificado por motivo fútil e pelo emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Durante a sessão, está sendo ouvido o depoimento de uma testemunha, a pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). que é a mãe da vítima.

Ainda haverá a oitiva de uma outra testemunhas, a pedido da defesa de Dário. A princípio, seriam quatro, mas uma morreu e duas moram em outras cidades e não conseguiram participar. Estão presentes sete jurados, sendo quatro mulheres e três homens.

Por que crime não será julgado como feminicídio?
De acordo com a promotora de justiça Liana Menezes Santos, na época do crime, ainda não existia a qualificadora ‘feminicídio’, que ou a vigorar em 2015. 

A tipificação é dada ao crime de ódio cometido contra a mulher, em situação de violência doméstica ou familiar, somente pela condição de ela ser mulher. 

“A prova do processo é a mesma. O crime é o mesmo, só não tem a tipificação com esse nome. As provas do processo são totalmente de autoria e materialidade ligadas às qualificadoras que estão sendo imputadas ao acusado. O que a gente tem é uma execução muito bem fria e calculada do acusado, em relação a ela”, explicou ela, expondo, inclusive, que ele a matou com a arma da corporação.

Segundo Liana, o réu pode pegar pena de 12 a 30 anos de prisão, a depender do andamento dos trabalhos e da avaliação do juiz.

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