O meu encontro com Lula
O ano era 1991 ou 1992, quando por volta das 23h tocou o telefone da minha residência. Ao atender, fui tomado de surpresa, era o cantor e compositor João Fernando (Don Tronxo), convidando-me para tocar violão. Sem titubear, disse que era tarde e não iria sair de casa naquele horário. De repente, ele argumentou, dizendo que estava com uma pessoa ao seu lado e, se eu soubesse quem era, certamente mudaria de ideia. Segundo Don Tronxo (grafado com X), era Lula Côrtes que estava com ele. Sabendo que Lula até aquele momento residia na cidade maravilhosa, respondi que não era verdade! Não se dando por vencido, João Fernando fez questão de colocá-lo ao telefone para falar comigo, convencendo-me de quem realmente estava do outro lado da linha. Não pensei duas vezes em atender o convite. A partir daquele momento, foi o primeiro de outros encontros.
Desde que ouvi pela primeira vez o disco O Gosto Novo da Vida, ei a ser um ferrenho irador do trabalho de Lula Côrtes. Não sendo suficiente, tive a honra de ser aluno de dois músicos que participaram do mencionado trabalho do artista pernambucano. Refiro-me ao Niltinho Rangel e João Lyra, dois músicos virtuosos. Aliás, todos que participaram executando algum instrumento musical, são merecedores dos aplausos. Para tanto, basta ouvir os arranjos e, facilmente, percebe-se a riqueza do trabalho.
Recentemente, o Teatro do Parque foi cena de um dos momentos inesquecíveis da história da música pernambucana, quando abriu suas portas para comemorar de maneira memorável, os cinquenta anos do disco Paêbirú, uma verdadeira obra-prima em que Lula Côrtes e Zé Ramalho dividem o protagonismo do trabalho, com a participação de grandes músicos. Na oportunidade se pode perceber a presença de pessoas da geração de quando o disco foi lançado e também um número significativo de jovens, que não tiveram o privilégio de conhecer Lula Côrtes, mas estão sequiosos em conhecer, cada vez mais, sua obra.
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