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Brasília

"Lula ainda devia estar preso", afirmou a deputada federal Bia Kicis ao podcast Direto e Brasília

Em entrevista ao podcast Direto de Brasília, a parlamentar desmentiu a tese de trama golpista e disparou críticas ao presidente Lula (PT)

Às vésperas do depoimento de Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo Tribunal Federal, marcado para a próxima semana, o entorno do ex-presidente procura manter o otimismo. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) afirma que “acredita em milagres” e crê na reversão da inelegibilidade do correligionário. Em entrevista ao podcast Direto de Brasília, apresentado por Magno Martins, a parlamentar desmentiu a tese de trama golpista e disparou críticas ao presidente Lula (PT): “Ele ainda devia estar preso”, cravou.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, marcou o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro para o dia 9. O que a senhora espera dessa etapa da investigação?

Tudo o que aprendi nos bancos da Universidade de Brasília (UnB), onde cursei Direito, e depois nos 24 anos em que advoguei, tudo isso não vale para nada. As nossas leis não valem nada, a Constituição é violada todos os dias. Se eu fosse falar pela lei, esse processo nem existiria e o presidente Bolsonaro estaria tranquilo. Nunca houve essa narrativa ridícula de golpe. Houve excessos processuais, houve violações a prerrogativas, mas no caso Bolsonaro nada disso vale.

Se a situação não mudar, o ex-presidente continuará inelegível e a direita precisará escolher um novo candidato em 2026. Qual seria a sua preferência?

A gente espera que aconteça uma reviravolta. O cenário está mudando um pouco. Se o candidato não for Jair Bolsonaro, será alguém que ele apontar. Temos alguns nomes que se mostram viáveis, mas fica difícil apontar alguém sem as bênçãos do presidente. 

Mas mesmo estando inelegível, ele vai adiar essa decisão até as convenções do ano que vem?

É uma possibilidade. Ele não vai fazer nada sem estar muito certo. Vamos esperar o tempo certo para entender o que vai acontecer. Bolsonaro vai indicar alguém e esse será o nome. Mas meu coração está com ele, ainda espero que ele seja o candidato. O Lula também estava inelegível. E eu acredito em milagres.

Dá para estabelecer um paralelo dessa investigação com a Lava Jato?

Ali tinha crime, que foi julgado em terceira instância. Lula era para estar preso ainda. E ele não foi inocentado, como o ex-ministro Marco Aurélio já disse claramente. A competência tinha que ser analisada no início do processo. Portanto, era uma matéria preclusa, não cabia mais tratar desse assunto, mas eles sacaram uma incompetência, que não podia mais ser tratada pela Vara de Curitiba, anularam tudo e descondenaram o Lula. Ele não foi absolvido.

A senhora diria o mesmo sobre a condenação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que deixou o país nesta semana?

A Carla, assim como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), são perseguidos políticos. Infelizmente hoje não podemos dizer que vivemos em uma democracia. Vivemos numa ditadura da toga. Desde as últimas eleições, os apoiadores de Bolsonaro eram massacrados, tínhamos nossas redes sociais suspensas, diziam que estávamos fazendo fake news. Apenas porque o que fazíamos e falávamos eram verdades inconvenientes para eles. A gente não falava mentira, falava verdade e fomos perseguidos. É revoltante ver uma deputada federal das mais votadas do País ter uma condenação baseada em fuxico de hacker que fez uma delação sem comprovação.

Mas o hacker contou que entrou no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o consentimento dela..

Ele relatou que foi a mando da Carla, sem evidência. A invasão foi anterior às eleições de 2022. É incrível essa decisão sem provas. Toda denúncia contra Bolsonaro é baseada em falácias. Eu como jurista, ouvir falar de um documento sem , um pedaço de papel apócrifo, que vira minuta de golpe. É o golpe da Disney. Bolsonaro nem estava no Brasil e já havia nomeado comandantes das Forças Armadas indicados pelo Lula. Como se dá um golpe com os comandantes do sucessor? Eduardo e Carla têm meu apoio, ele está agindo como estadista, deixando seu país por lutar por essa pátria. E ela está fugindo de perseguição odiosa.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, fez alguns acenos ao ex-ministro Ciro Gomes (PDT) no Ceará. O partido estaria mais aberto a alianças com outros campos?

O Ciro não tem afinidade com o PL. É uma questão de conhecer a história, ele é de esquerda e alinhado com a China. Nós não somos China, nós estamos tentando defender o Brasil da invasão chinesa. Não tem problema a China comprar no Brasil, mas ela não pode querer comprar o Brasil. Não vejo a menor possibilidade desse alinhamento com o Ciro. O apoio do PL todo mundo quer, até o PT. Mas não vai ter.

A senhora manterá a pré-candidatura a senadora pelo Distrito Federal, mesmo com tantos nomes do campo da direita? Já tem a ex-primeira dama Michele Bolsonaro (PL), o governador Ibaneis Rocha (MDB) e o senador Izalci Lucas (PL) querendo...

A vontade do Izalci não é pela reeleição, mas por disputar o governo. A primeira dama Michele é um nome forte, cotado até para a Presidência da República, então a primeira vaga da chapa ao Senado é dela. O governador tem aprovação, mas nunca foi testado como legislador. Eu já fui e sou, fui a deputada federal mais votada do Brasil proporcionalmente. Tenho o apoio do presidente Bolsonaro, vou conversar com o presidente Valdemar e isso vai ser decidido em grupo. Mas posso dizer que hoje estou em campanha para o Senado.

Quanto ao escândalo de fraudes no INSS, tem esperança quanto à instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (MI)?

Vai sair, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), disse que vai instalar, a princípio na próxima reunião em 17 de junho. Vamos brigar pelo povo. O escândalo do INSS deixou o Mensalão no chinelo. Falamos na casa dos bilhões de reais. Temos que trabalhar de forma dura e organizada para não deixar impune quem quer que sejam os responsáveis por roubar aposentados e pensionistas.

As primeiras denúncias dessa fraude são de 2016, pegando inclusive o período de Bolsonaro no poder...

No governo Bolsonaro foi feita uma medida provisória para atrapalhar e coibir a fraude, para punir e evitar. E depois os partidos de esquerda, o PT e seus puxadinhos, conseguiram remover o dispositivo legal que impedia essa punição. O presidente Bolsonaro fez de tudo para coibir a fraude. Criamos uma lei para proibir, mas aí veio a esquerda e derrubou. Na época os discursos deles eram inflamados, que queríamos prejudicar os sindicatos, e hoje fica provado que as pessoas que nos acusavam naquele tempo hoje não assinam a MI.

Como a senhora avalia o papel da primeira dama, Janja da Silva?

Ela submete o Brasil a uma situação vexatória. Janja é fim de linha. Ela atrapalha e muito o governo. É uma pessoa sem noção, não tem o mínimo respeito pelo povo, acha que tem o direito de gastar o dinheiro do contribuinte como se fosse ministra. E o Lula fica dando esse poder a ela, como um velho babão e deslumbrado. E só dá vexames internacionais, como no episódio em que ela xingou o Elon Musk e agora na interferência junto ao presidente da China.

A senhora pediu para a PGR investigar os gastos da primeira dama?

Eles alegaram que não poderiam tratar disso porque ela não possui cargo público. É o fim da picada, ela não tem cargo mas usa verba pública. Acho que quando o Lula estava na cadeia e ela se prestou ao papel de visitá-lo, agora ele está recompensando ela. Mas não pode ser às custas do pagador brasileiro de impostos.

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